De Repente, Califórnia

Tudo começou no final de 2016, quando eu me preparava para adentrar o último ano da faculdade, eu já estava pensando no que fazer quando o meu curso terminasse, pois hoje em dia só a graduação já não serve mais para tanta coisa, principalmente na minha área, onde nunca paramos de estudar.

Eu pesquisei muito e decidi que uma especialização era uma boa, então escolhi fazer um curso em Stanford, porém tinha um grande problema, o meu inglês não era dos melhores.

Decidi melhorá-lo antes de embarcar na minha sonhada extensão internacional, então fui até uma agência de intercâmbio,  descobri que seria um investimento muito alto, pois o  dólar estava  quase R$ 4, depois de muita conversa acabei fechando, pois o investimento valia a pena.

E assim, escolhi fazer meu intercâmbio no Vale do Silício, por que será, né? ahahaha

Fechado o contrato, ainda tinha diversas coisas para acertar, pois eu nunca havia nem andando de avião, nem saído do país, então precisava tirar o passaporte e o tão cobiçado visto.

Depois de muita correria consegui o visto e já comprei as passagens, sobrava ansiedade.

Ansiedade que só aumentou quando chegou a minha carta de aceitação por parte do college, e minha carta de acomodação (sim, eu fiquei em uma casa de familia Americana), um plus para acelerar ainda mais a minha vivência com a língua estrangeira, muito melhor do que ficar em uma residência estudantil ou em um hotel, porque conviver com as regras e a cultura da família nativa, intensificou a minha aprendizagem.

Chegou a hora de partir, tudo certo, eu embarcava em um voo com conexão no Panamá  pela Copa Airlines (Ótima companhia) e uma das mais baratas também, pois o preço das passagens para a alta temporada custavam o mesmo que um carro usado.

No voo fiz um amigo, que por coincidência também ia estudar, porém em Los Angeles,isso  tornou o voo um pouco menos maçante.

Depois de mais de 10 horas de viagem, já em solo Americano tive que passar pela tão temida

customs and borders, trocando por míudos: a imigração. E não foi tão simples quanto o planejado estávamos no início da “era Trump”, ou seja, repressão contra os imigrantes, principalmente os latinos como “yo” porém, o mais curioso é que, pela primeira vez eu ia falar inglês com um Americano.

E já comecei do modo hard meus caros, ele me fez muitas perguntas, mas muitas perguntas mesmo!

Como por exemplo: “Pra onde vai?, Vai estudar onde?, Posso ver o recibo?, Posso ver sua matrícula?, Quantas horas vai estudar?, Já esteve quantas vezes aqui?, Está nervoso?”.

No final deu tudo certo, e cara, como é bom ouvir “Welcome to the United States Of America”!

Saindo do aeroporto precisava ir para a minha homestay, que ficava em uma cidade chamada Daly City, uma das cidades que compõem a baía de San Francisco (Bay Area para os mais íntimos),uma cidade composta de imigrantes, grande parte deles da Ásia, mais precisamente das Filipinas ( por sinal a família que me recebeu era de origem filipina).

Como marinheiro de primeira viagem, eu não sabia que o Bart (metrô) saía direto do Aeroporto, então acabei pegando um taxi, e em menos de 10 minutos eu já estava na porta da minha homestay.

Já na minha homestay conheci minha familia, no início éramos eu e mais 2 estudantes,mas chegamos a ser 6 .Os outros foram chegando com o decorrer do tempo,nos comportávamos como irmãos. Durante minha estadia alguns foram partindo, e isso foi realmente triste porém, foi uma experiência ímpar, era realmente como uma família, tomávamos café e jantávamos juntos, íamos a praia, passeios, eventos como 4 de julho, lutas de boxe, e ainda tínhamos uma espécie de Karaokê em casa.

           

Então chegou o meu primeiro dia de aula, primeira vez que peguei o Bart (metrô) sozinho, já estava pronto para encarar SF. O primeiro dia foi marcado por uma entrevista, onde era definido o seu nível e a sua sala.

Conheci muitas pessoas novas, a maioria brasileiros, alguns fazendo outros cursos como, business e marketing.

O college tinha uma estrutura digna de primeiro mundo, tudo muito organizado e no horário marcado, o ensino era realmente muito bom. Senti uma evolução tremenda já nos primeiros dias.Tínhamos muitas atividades fora da escola, como visita a museus, pontos turísticos, encontros de intercambistas,grupos de estudos, almoços e jogos de Beisebol (We’r SF ♥).

Porém tínhamos que estudar muito, todos os dias havia trabalho para casa, e os trabalhos eram corrigidos todas as manhãs, confesso que muitas vezes fiz meus trabalhos no metrô, já que passei a tarde e a noite jogando video game com meus amigos ou fazendo algo pela cidade.

Precisávamos de uma nota para conseguirmos nos formar, e não era tão simples assim, já que tudo contava, desde a sua participação em sala, até o seu sotaque poderia contar na sua nota.

A escola tinha uma regra muito clara e objetiva que não poderia por nada ser quebrada: Não falar outro idioma que não fosse o inglês. 

Respiramos Tecnologia e ar puro também

Conheci lugares magníficos e pessoas que me faltam adjetivos. San Francisco é uma cidade linda, com muitos lugares para serem explorados, muitos pontos turísticos e muita preservação da natureza.

Tive a oportunidade de posteriormente conhecer outros lugares como: Oakland, Colma, South San Francisco, Daly City (onde eu morava), San Diego, Los Angeles e Las Vegas.

Infelizmente por motivos operacionais não fiz a visita nas empresas no vale, porém conheci o Twitter acho que já é um começo. Ahahaha!

Em bares e cafés que eu ia sempre tinha alguém programando, sempre tinham grupos que eu julgava serem Startups nascendo,  locais que passaram figuras ilustres como Steve Jobs e Elon Musk, era uma sensação tão incrível: a de estar no mesmo lugar onde várias empresas começaram, onde muitas irão começar e quem sabe um dia eu não possa ter minha própria empresa? 

Para quem é movido por tecnologia San Francisco com certeza é o combustível.

Foi em San Francisco que nasceu um dos projetos que mais tarde me traria diversos frutos.

Foi lá que começou o projeto que mais tarde eu entregaria para a Natura, o resto da história vocês já sabem.

Com muito esforço, noites sem dormir, consegui meu diploma! ahahaha

Melhorei muito meu inglês, finalmente me livrei das legendas, recentemente assisti Stranger Things 2 em inglês e foi uma sensação maravilhosa, poder compreender, poder falar e ser compreendido.

Enfim, agora eu estou preparado para encarar um curso em Stanford, estou começando a mexer os pauzinhos para ingressar  assim que terminar o meu MBA.

Considerações Finais

Fazer o intercâmbio foi uma das melhores coisas que já fiz na vida, uma experiência que vou levar pelo resto da vida, junto com os amigos que fiz.

Além de ter uma grande valorização por parte do mercado de trabalho, pois tenho recebido várias propostas de emprego após ter colocado em meu Linkedin essa experiência, porém estou muito satisfeito com meu atual emprego.

Nunca desista dos seus sonhos, por mais difícil que pareça, continue a remar!